Aprender com os ensinamentos que o crescimento dos filhos traz
A paz e o bem meus caros! Que a luz divina ilumine a cada um de nós, assim como o sol resplandece sobre meu corpo nesta manhã fria que escrevo estas linhas ensolaradas. E, à medida que minha pele sente seu toque, percebo o carinho de Deus com todo o meu ser e com todos e tudo que há e vive. Como é bom poder sentar e observar a vida acontecendo. Sem pressa e preocupações vãs. Essas nos distraem e tapam nossa visão, impedindo-nos de enxergar os detalhes maravilhosos do existir. Eu mesmo, sentado em meu sofá observando o Sol nascer, quando me dei conta, em prazo de segundos, este ser iluminado já havia se despedido do cume da montanha com a qual trocava carinhosamente abraços calorosos.
Certamente foi se afastando tão delicado e amorosamente que minhas retinas sequer conseguiram perceber o distanciar singelo e constante. Mas o fato é que a montanha, agora iluminada e radiante, ficou longe do astro rei. Ao fazer essa construção mental, fico estupefato de como a natureza nos traz ensinamentos. E estes não são através de estudos teóricos e complexos, mas das vivências singulares e quotidianas. A todo momento o aprendizado está lá pronto para ser absorvido por nossa inteligência emocional e racional. Falo isto, pelo fato das lições serem ministradas ininterruptamente pela mãe terrena de cada ser vivente ou existente: a natureza. Sim meus queridos, a sabedoria é distribuída gratuitamente em todo e qualquer momento, basta que tenhamos a coragem e decisão de nos colocar no lugar de alunos da vida e viver sobre as regras que ela nos apresenta. Independente de as seguirmos ou não, elas sempre irão se impor. Os que não entendem isto não saborearão as delícias do viver, pois quem não aprende… não apreende. Enquanto escrevo, o Sol caminha, lembrando-me que também tenho um caminho a percorrer aqui, ou seja, falar sobre os aprendizados que o crescimento dos filhos traz aos pais. Então, sigamos nesta reflexão. Que ela possa ser cheia de luz e, de alguma forma, iluminar àqueles que comigo estão neste caminhar.
Ontem encontrei um amigo que estava com sua filhinha nos braços. A pequena havia sujado sua roupinha, devido uma indisposição estomacal, gerada pelos solavancos do carro em que estava. O seu corpinho ainda não se acostumou com os movimentos externos ao útero materno. Mas enfim, perguntei-lhe como estava sendo esta etapa da vida, agora que a filhinha fazia presença no lar coração do amigo casal. O jovem provedor olhou-me com brilho de sol e verbalizou: “É maravilhoso meu amigo. É difícil no começo, mas depois a gente aprende e fica mais fácil”. Essa fala, mesmo que proferida despretensiosamente, levou-me a refletir sobre o quanto as crianças também ensinam durante seu processo de crescimento. Cada etapa é única e desafiadora. Porém traz aos pais a oportunidade de aprenderem muitas coisas e assim se transformarem em seres mais evoluídos e felizes.
Quando um recém-nascido chega em seu novo lar, geralmente encontra um ambiente preparado. Roupinhas compradas com muito carinho e zelo. Às vezes bem antes de sua chegada, os pais, por horas, ficam manuseando os pequenos pertences destinados àquele ser já tão amado. Porém, com poucos dias de vida começa a crescer e não caber mais naquelas vestimentas lindas e delicadas. Aqui há o ensinamento que o apego nos impede de crescer. É preciso deixar para trás aquilo que não nos serve mais, apesar do quão seja bonito, valioso e importante.
A criança quando está com fome, frio, dor ou qualquer outro desconforto, chora. Estando alimentada e sem nenhum incômodo sorri e dorme. Aqui demonstra a importância de sermos autênticos conosco mesmo e não fingir somente para fazer média com os que nos cercam.
Quando dorme está mostrando que o descansar é importante para o fortalecimento corporal. Quando faz xixi e cocô, revela que nosso corpo tem um modus operandi que precisa ser respeitado. O seu olhar curioso para todas as direções, nos diz que nascemos com o propósito de desbravar o mundo e sempre aprender. Ao engatinhar, nos expõe que nascemos para avançar em direção ao novo. Ao cair seus primeiros tombos, no processo de aquisição do andar, nos exemplifica na prática que nenhuma queda deve nos manter no chão. Quando se esfola na terra, grita, chora e depois de algum tempo volta a brincar, está demonstrando que a dor precisa ser vivida, porém vencida. Nunca nos aprisionar e sim nos fortalecer. Ao falar, para terceiros, coisas sinceras que deixam os pais envergonhados, traz à tona o quanto às vezes a vida adulta está adulterada, onde a verdade não pode ser dita, pois machuca e a mentira é exaltada, pois faz o ouvinte se sentir bem. Mas tanto o que é verdade ou mentira é conhecido por todos.
São tantos os ensinamentos. Quando pergunta sobre algo. Explica a seu modo como vê o mundo. Briga com o coleguinha e diz que a ruptura será pra sempre, porém dura apenas até o final do recreio. Ao ter vontade de comer doce antes do almoço e pedir para o avô e este lhe dá com a condição de não contar para ninguém, mas logo em seguida fala para a mãe e diz que o vovô lhe pediu para manter segredo. Em cada ação há tanta riqueza de aprendizado, disponibilizado para o adulto se formar nesta escola da humanidade e do amor. Pena que na maioria das vezes ele não entende que a criança é que o está ensinando. Ela que dele está cuidando e lhe mostrando como é tão simples viver e ser feliz.
Teria mil exemplos para aqui trazer, mas o conteúdo é grande demais para o tamanho de qualquer papel. Em cada fase da vida o filho tem tanto a ensinar e os pais a aprender. Por isso rogo meus queridos papais e mamães, nunca saiam das cadeiras de aluno desta vida. Pois quem dela se ausenta, se perde no processo de ser feliz. Uma vez que este sentimento só é possível em quem, embora sendo mestre, nunca deixa de ser aprendiz.
Adilson Donizetti de Carvalho
Psicólogo
CRP 04/4041