Santa Rita de Extrema | Educar com exemplos e não só com palavras

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Educar com exemplos e não só com palavras

A paz e o bem! Que a luz da harmonia seja companhia em cada coração e os desejos benignos uma proposta transformada em ação. O verbalizado na frase anterior não é trivial, contudo, traz para o bem viver, algo fundamental. Pois, para que o desejo seja eficiente, precisa se manifestar de modo concreto, caso contrário não alcançará a plenitude da potência desse sentir. O bem desejado é mais poderoso que o mal ruminado. Além disso, os sentimentos bons têm por natureza a expansão e levam à liberdade aqueles que os sentem. Já os sentimentos ruins geram aprisionamento nas celas do sofrer.  Ademais, o mal espalhado não se desconecta do agente espalhador. Quem o deseja para alguém, já o tem e o terá para si. Quem quer o bem para outrem, antecipadamente, por ele, já foi contemplado e será

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acompanhado. Por este motivo, quero sempre nutrir em mim, somente aquilo que traz a meu ser a experiência benigna do existir. Experimentar algo só é possível através da ação concreta. Mesmo as coisas abstratas só podem ser experimentadas na concretude do agir. Por exemplo, não é possível sentir Deus somente com a racionalidade, é necessário deixar nosso coração pulsar Nele, com, e para Ele. Dito isto, vamos à reflexão de nosso texto de hoje, que será justamente sobre a ação concreta dos pais. Falaremos da importância dos exemplos para que os filhos sejam bem educados e felizes.

Há uma frase célebre: “As palavras comovem, porém os exemplos arrastam”. Creio que a grande maioria já a conheça. A meu ver é lindíssima. Mas também desafiadora. Pois dar exemplo é mais difícil do que verbalizar palavras. E quando falamos da educação dos filhos os exemplos são ainda mais essenciais. Sem eles as palavras ficam vazias e pouco eficientes.

Os pais são os modelos mais próximos para os filhos. As crianças observam e assimilam o seu agir e os incorporam. Elas não têm desenvolvido a capacidade de análise racional. Deste modo, não sabem filtrar entre as boas e más ações dos adultos que as cercam. Antes, apenas seguem o que está sendo exposto por aqueles a quem confiam e admiram. Por mais que seja dito algo para as crianças, será muito mais fácil para elas repetir o exemplo oferecido do que os comandos verbais expressados. Creio que isto não seja novidade para ninguém. Pelo menos essa é a minha expectativa. O problema é que apesar de haver o entendimento sobre a necessidade de educar com os exemplos, eles, na grande maioria das vezes, não são dados. E isso escancara algo deveras ruim: a tentativa de ensinar algo, sem que esse algo seja praticado pelo ensinador. Aprofundando um pouco mais, podemos afirmar que essa não prática pode ocorrer pelo não entendimento da própria responsabilidade diante do desenvolvimento dos filhos ou, pior ainda, ser consequência da ação de pessoas desprovidas de boa índole e egoístas que apresentam, de modo consciente, atitudes inadequadas ao bom viver ético e social.

Diante do fato que a educação de um filho deve ser baseada mais nos exemplos do que nas palavras, surge uma grande questão. Como fazer com que haja coerência em relação ao que se fala e o que se faz? A resposta é simples, embora seja complicado colocá-la em prática. É necessário analisar antes de agir para que palavra e ação não entrem em contradição.

 

Quando o pai é agressivo com a mãe, ensina o filho a agir com agressividade e a não respeitar o feminino. Quando o adulto mente sobre qualquer coisa, mostra que a verdade pode ser deixada de lado. Ao comer de modo desregrado, ensina maus hábitos alimentares. Ao se descuidar da saúde, contribui para que um dia o filho adoeça. Sendo ausente e sem carinho, faz o filho sentir que não é amado. Quando não respeita uma fila, sinais de trânsito, vagas preferenciais, está formando seres sociais sem empatia e sensibilidade.

Não adianta falar para o filho fazer isto ou aquilo, se antes não for executado por aquele que fala. Coma verdura, filho!  Mas no prato do falante não há nada de verde. Seja educado! Porém, educação não é rotina nas relações deste adulto. Estude para você ser alguém na vida! Contudo nunca se mostrou para o filho com um livro ou estudando algo que seja importante. Respeite seus avós! Mas não vê os próprios pais os respeitando. Não maltrate os animais! Mas a criança vê os bichinhos da família sendo não cuidados, passando fome e frio. Todos os comandos são irrelevantes quando as ações dos pais são opostas ao que foi dito.

É importante que se entenda que os exemplos não podem apenas ser ações planejadas com o intuito de alcançar algum objetivo pontual, antes, devem ser um comportamento constante e natural. Fazer o que é certo deve ser uma constância e não apenas uma circunstância. Jesus já dizia que se conhece a árvore por seus frutos. Não devemos apenas ter atitudes boas, mas sim sermos bons. Pois quando somos, elas serão apenas consequência e não intenção.

Para finalizar, reitero que realmente só se pode educar bem um filho, quando os exemplos são mais fortes do que as palavras. O exemplo aqui não é entendido apenas como uma ação planejada com o objetivo de ensinar algo. E sim, como uma ação natural que por consequência traz ensinamentos. Não tem jeito meus caros. Educar bem requer entender que é nas grandes e pequenas ações, que estão os maiores aprendizados sendo passados e os melhores ensinamentos sendo aprendidos. Depois que as ações são realizadas, as palavras podem ser ditas para reforçar aquilo que o filho já aprendeu pela observação. Lembrem-se: falar é bom, fazer é melhor. E ser o que se demonstra com os bons exemplos é ainda superior às duas ações anteriores. Esta é a mais poderosa e eficiente forma, ao alcance da humanidade, de transferir conhecimentos, nortear comportamentos e promover desenvolvimento. Já dizia o Dr. Içami Tiba: quem ama educa. E para educar, digo eu: em todas as circunstâncias, bons exemplos para os filhos, os pais devem ofertar.

 

 

 

Adilson Donizetti de Carvalho

Psicólogo

CRP 04/4041

 

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