Jesus Cristo é nosso Rei
O mês de novembro é uma grande oportunidade de celebrarmos a nossa fé na sua profundidade espiritual e na sua ação no mundo. Logo no início, celebramos o dia de todos os santos. Que benção celebrar a realidade do céu: “Vi uma multidão enorme, que ninguém podia contar, de toda nação, raça, povo e língua: estavam de pé diante do trono do cordeiro com vestes brancas e com palmas na mão” (Ap 7, 9). Logo em seguida, já rezamos pelos fieis defuntos. No dia 2 de novembro somos convidados e rezar por todos os que já partiram deste mundo para a casa do Pai, é dia de celebrar a saudade. Ainda celebramos neste mês o dia da proclamação da república e o dia da consciência negra. Dois temas importantes, pois o cristão está nesse mundo e, é nele, que ele manifesta a sua santidade.
Por fim, celebramos o encerramento do ano litúrgico com a grande festa de Cristo Rei do universo. E neste mês ainda temos o início do tempo do advento que é a preparação para a celebração do natal. Vejam amigos leitores, quanta riqueza pra ser vivida em um só mês! Que Deus nos ilumine nesse caminho!
Sobre a morte o cardeal José Tolentino Mendonça escreve: “Não morremos porque estamos doentes, morremos porque estamos vivos… A vida não é só o tráfego de verbos ativos, esta marcha emparedada e sonâmbula, este vagar entre dever e haver, esta contabilidade no lugar da metafísica. A vida não é só isso. A morte amplia-a”, e depois de assim falar da vida ele conclui: “a beira do fim há sempre tanta coisa que começa”. Celebrar o dia 2 de novembro é justamente celebrar a vida ampliada pela saudade e o tanto de começos que a morte nos oferece. Não, nós cristãos não cultivamos sentimentos mórbidos, contudo não encaramos a morte como inimiga da vida. Por isso, dor se transforma em saudade e a tristeza em esperança. Jesus ressuscitado é a concretização da vida eterna na qual participamos com Ele. Essa é nossa esperança celebrada a cada dia 2 de novembro. Não é renúncia da dor da perda das pessoas queridas, mas sim o cultivo da certeza que, em Deus, fazemos parte de um plano maior.
Ao celebrar a vida eterna não podemos deixar de celebrar aquele que é o Senhor de tudo. Jesus o nosso Rei. Ele é o nosso rei porque nos trouxe com sua pregação e vida a instauração do Reino de Deus. Reino este que se está perto de nós, aliás, ele está no meio de nós (Cf. Mc 1, 15). O Reino de Deus está presente no mundo através de nosso testemunho de fé em Cristo Rei. O reino está presente na Igreja através da Sagrada Escritura, pelos sacramentos e acima de tudo pelo Espírito Santo de Deus derramado sobre os Apóstolos no dia de pentecostes. O Reino de Deus está presente em cada pessoa que se abre para viver na graça de Deus e busca viver a santidade na sua vida pessoal. Jesus no evangelho de Mateus faz a seguinte exortação: “Buscai em primeiro lugar a Reino de Deus” (Mt 6,33), esse é um convite a colocar Jesus e o seu Reino como prioridade em nosso agir, em nosso pensar. O nosso comportamento com Cristo Rei de nossas vidas deve ser um comportamento de obediência a cada ensinamento recebido.
Jesus é um rei diferente de todos os projetos de poder deste mundo. Sua montaria foi um simples jumento, seu trono uma cruz e sua maior riqueza a salvação que ofereceu para toda a humanidade. Quando nasceu, seu castelo foi uma manjedoura e quando cresceu não tinha onde reclinar a cabeça. O amor é simples e somente quem assim o compreender deixará de ser egoísta e se sentir dono da verdade e assim descer do pedestal da arrogância para se tornar discípulo em constante aprendizado. O louvor e a glória só pode ter um destinatário em nossa vida de fé: Jesus Cristo. Tudo caminha para Ele e tudo deve se encerrar n’Ele que é o início de tudo. Ou seja, nossa vida parte de Jesus e durante nossa existência caminhamos para Ele e com Ele. A nossa Salvação é Jesus, o Rei do Universo.
Meus irmãos e minhas irmãs, ao encerrarmos o ano litúrgico com a solenidade de Cristo Rei, logo, em seguida iniciamos um novo ciclo, que é o tempo do advento. Tempo de preparação para o Natal, festa do nascimento de Jesus Salvador. A riqueza espiritual da nossa Igreja é imensa e se soubermos aproveitar cada oferta que ela nos faz estaremos sempre em processo de crescimento em nossa vida de santidade e salvação. Peço que Deus abençoe cada um de vocês e que estejam sempre abertos as graças de Deus.
Pe Mauro Ricardo de Freitas
Pároco